segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A águia e a galinha

Um camponês criou um filhote de águia junco com suas galinhas.
Tratando-a da mesma maneira, de modo que ela pensasse que também era uma galinha.
Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha.
E a águia passou a ser portar como se fosse uma galinha.
Certo dia passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar como o camponês.
- isto não é uma galinha, é uma águia.
O camponês retrucou:
- agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha!
O naturalista disse:
- não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa.
Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços e disse:
- voa, você é uma águia, assuma sua natureza!
Mas a águia não voou, e o camponês disse:
- eu não falei que ela agora é uma galinha!
O naturalista disse:
- amanhã veremos.
No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto da montanha, o naturalista levantou a águia e disse:
- águia veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os campos verdes lá em baixo, veja todas estas nuvens poder ser suas. Desperte para sua natureza e voe como águia que és.
A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto.
Ficou um pouco confusa no inicio, sem entender o porque tinha ficado tanto tempo alienada.
Então sentiu o seu sangue de águia correr nas veias, perfilou devagar, suas asas e partiu num lindo vôo, até que desapareceu no horizonte azul.

Faça você como a águia e assuma o seu teor de vida, e voe mais alto, bananeira não dá pitanga, seja uma águia em um mundo de águia.
Levante a cabeça e siga a vida em pé e voe para o infinito.


Do livro a águia e a galinha Leonardo Boff

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