sábado, 13 de setembro de 2008

A diferença

A porta fechara-se com estrépito.
Mariazinha batia o pé chorosa.
Queria a boneca grande, queria!
A mãe, preocupada, em vão procurava explicar-lhe porque não podia atender-lhe o desejo.
Contudo, a menina desatendia a qualquer raciocínio.
Sua mãe, era de condição modesta, não poderia jamais conceder-lhe o pedido.
Conseguira comprar-lhe o vestidinho simples, mas alegre, e uma boneca pequena, mas graciosa, entretanto, a menina não ficara feliz com o presente materno.
Vira a menina rica da esquina, cercada de luxo e presentes caros, de bonecas suntuosas.
Não compreendia porque ela não podia ter o mesmo.
Julgava que a mãe não lhe queria dar.
- Minha filha! Compreenda que temos o bastante!
Não precisamos de nada mais para nossa felicidade!
Jesus ficará triste se você for vaidosa e a inveja agasalhar-se em seu coração.
- Jesus não gosta de mim! dizia ela a chorar - Por que dá tudo às outras e a mim só isso?
A senhora não diz que Ele é justo e bondoso?
- É Jesus nos tem ensinado que Deus é pai bom para todos e colocou cada um de nós no lugar onde precisa estar, para aprender a viver feliz! Não nos deu dinheiro porque somos muito vaidosos e o dinheiro nos faria mal.
Entenda filha, é para o nosso bem! Sejamos felizes e agradeçamos ao Senhor o pouco que temos.
A menina calou-se pensativa, mas trazia ainda a revolta estampada na face. Apanhou a boneca modesta, que a olhava com olhos inocentes, com evidente desgosto.
Foi quando a campainha da porta soou.
Seria o pai com algum presente?
Correu a abrir com a fisionomia subitamente animada.
Estacou surpreendida.
Pobre mulher trazendo uma criança ao colo e outra pela mão, estendia a mão suplicante.
A dona da casa correu a buscar algum alimento.
Era noite de Natal!
A menina recém-vinda olhava maravilhada para a outra e seus olhinhos brilhantes iam do vestido novo à boneca que ela carregava.
A outra, fitando-lhe o corpinho magro e maltratado, os pés descalços e os olhos tristes, sentiu-se repentinamente rica.
- Posso ver? - indagou a pobre criança aproximando-se.
- Pode. Gosta?- É a boneca mais linda que já vi!
- Você tem uma igual?
A outra abanou a cabeça.
- Não, Mas quando eu crescer, vou ter uma boneca de verdade.
Que fala, que anda, que chora e que ri.
- Como assim?.
- Deus vai me dar uma, mamãe disse.
E será mais bonita do que todas as bonecas mortas que tem por aí!
A outra ficou pensando, pensando.
Quando se foram, a menina aproximou-se da mãe em atitude humilde e perguntou:
- Mamãe, Deus também vai me dar uma boneca de verdade quando eu crescer?
- Vai, minha filha, se você merecer.
- E para a filha de Dona Bety também?
- Sim minha filha, se ela for boazinha.
- Então, mamãe, Deus é justo mesmo! Porque se os papais da terra dão para as filhas as bonecas que podem, Deus dá para todas bonecas iguais!E sorriu completamente feliz.
autor desconhecido

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